sábado, 2 de agosto de 2008

Análise de Poesia


Idealismo (Augusto dos Anjos)



Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!


O amor da Humanidade é uma mentira.


É. E é por isto que na minha lira


De amores fúteis poucas vezes falo.



O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!


Quando, se o amor que a Humanidade inspira


É o amor do sibarita e da hetaira,


De Messalina e de Sardanapalo?!



Pois é mister que, para o amor sagrado,


O mundo fique imaterializado


- Alavanca desviada do seu fulcro -



E haja só amizade verdadeira


Duma caveira para outra caveira,


Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!




Como foi dito em uma postagem anterior, Augusto dos Anjos é extremamente pessimista e realista, e em "Idealismo" não poderia ser difetente.


Na primeira estrofe, o eu-lírico diz que não adianta falar de amor pra ele, pois o amor é uma mentira, e justamente por ser uma mentira, em sua vida só viveu amores fúteis.


Na segunda estrofe o poeta se pergunta quando irá amar o amor, se o amor que existe é o amor das prostitutas, da falsidade, usando para isso as palavras "sibarita" e "hetaira". Quando irá amar o amor, se o amor que existe é aquele de Messalina, cuja mulher que casou-se com um homem mais velho por interesse, passando assim a traí-lo. Também o amor de Sardanapalo, rei da Assíria, símbolo da lascívia, da depravação e da corrupção dos costumes morais.


No primeiro terceto o eu-lírico diz que para que exista o amor verdadeiro é necessário que o mundo fique livre dos interesses, porém diz também que, assim como a alavanca(obejto usado para cavar) é desviada do seu fulcro(sustento de uma alavanca), o amor sagrado é desviado do mundo, justamente por essa busca de interesse material.


E no segundo terceto, vemos que ao usar: "Duma caveira para outra caveira,/Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!", o poeta "brinca" com as palavras, ironiza o amor, e acaba nos deixando em dúvida se o amor existe ou não. Vale enfatizar que a "amizade verdadeira" que o poeta usa, é o amor, pois usa o termo das antigas cantigas de amigo, que fazem parte do Trovadorismo, que também eram escritas para falar amor.


Sendo assim, fica aqui a pergunta: O amor existe?!


Por Mayára Lima

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A Literatura como principal responsável pelo descobrimento da nacionalidade brasileira.


Definir uma cultural local nunca foi tarefa fácil, e com nós brasileiros não poderia ser diferente, pois num país de tantas diferenças e miscigenações, a tarefa acaba se tornando mais difícil ainda.

O choque que tiveram os colonizadores ao se depararem com os nativos, foi forte, pois eram culturas totalmente diferentes uma da outra. O português ambicioso teria que povoar o local e criar uma rota marítima regular, para explorar o pau-brasil e a cana-de-açucar. Mas somente isso não era suficiente, seria preciso apagar a cultura indigena, nacional e de vários deuses, e IMPOR a cultura branca, européia e cristã. Atitude questionada e criticada até os dias de hoje, pois somente por riquezas, foram mudados costumes de inocentes. Temos publicações desses momentos, porém publicações que não podem ser consideradas literatura, mas sim literatura de informação.

Tudo isso acabou influenciando a nossa Literatura, que era produzida de acordo com os moldes europeus, não possuindo assim o nosso país, uma literatura que remetesse e defendesse a nossa cultura. Com o surgimento do Romantismo, o Brasil consegue ter a NOSSA Literatura, a prova está nos poemas sátiros de Gregório de Matos, nos romances indianistas de José de Alencar e nos sublimes poemas nacionais e patriotas de Gonçalves Dias e Castro Alves.

No período romântico foi que o Brasil atingiu uma grande noção de identidade cultural, pois é nessa época que os escritores surgem marcadamente nacionalistas, com uma forte consciência nacional, capaz de fazer uma literatura composta de raízes nacionais, mostrando assim, a diferenciação entre a cultura nativa e a do colonizador, não levando em conta as regras impostas para uma produção cultural e escrevendo de uma forma inovadora e de grande importância para a nossa cultura.

Vemos que a Literatura foi de imensa importância para definir a cultura do nosso país, pois foi através do Romantismo, representado de forma nacionalista, com a sua força de liberdade, e de autores como José de Alencar, que escreveu Iracema e muitos outros romances indianistas retratando o nascimento do primeiro brasileiro, é que o nosso país enxergou a sua bonita e verdadeira identidade nacional.
Por Mayára Lima

Augusto dos Anjos, único e original.


Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, PB, em 20 de abril de 1884, autor de apenas um livro, o conhecido “Eu”, publicado em 1912, faleceu em Leopoldina, MG, aos 30 anos de idade, vítima de pneumonia. É altamente conhecido, lido e estudado, especialmente pelo seu “mau gosto”, sua linguagem cientificista, biológica, matemática e considerada antipoética, remete bastante ao nordeste e a filosofia materialista que o poeta estudou no curso de Direito.

Seus poemas enfatizam um pessimismo atroz, e principalmente ao nada e ao fim existência humana, e são contidos de uma musicalidade rude, agressiva e forte. Exagerado e direto, o poeta paraibano se queixa de tudo, da Vida, da Humanidade, da Religião, do Amor e até mesmo dele.

Vale também ressaltar que a sua poesia é paradoxal, chocante e extremamente original, mesmo tendo base em outros autores como: Schopenhauer, Spence, Darwin, Comte, Baudelaire e Nietzsche , porém seu contexto é incomparável e bem elaborado.

A idéia de concretismo que o poeta passa para o leitor, a mistura de características de diferentes escolas literárias, como Simbolismo e Parnasianismo, sua estética e o seu incrível vocabulário da podridão, o fazem um dos melhores poetas da Literatura Brasileira.

Algo que não pode deixar de ser dito é a excepcional mistura e descrição de temas concretos com temas abstratos, é a chamada dialética do localismo versus cosmopolitismo, muito constante em Augusto dos Anjos.

Por Mayára Lima